eu preciso ficar em silêncio
preciso ouvir o som dos meus pés descalços na areia
o barulho da geladeira nova, que oscila entre nenhum ruído e um motor vibrante
preciso ouvir o talher encostando no prato
as xícaras balançando na mesa
o açúcar escorregando devagar da colher
o pássaro cantando na árvore da rua
o menino da vizinha chorando pelo brinquedo
preciso ouvir o gotejar do chuveiro
as motos passeando pelo asfalto
os aviões riscando o céu lá no alto
preciso ouvir as portas batendo, com o vento
a roupa balançando no varal antes da chuva
prefiro ouvir meus pensamentos acelerados
prefiro ouvir as suas mãos percorrendo a maçaneta
o cadeado se soltando do portão
o abrir e fechar do portão lá fora
preciso ouvir seus passos apressados
você chegando pra ficar
preciso ouvir seus os risos, seus sussurros
preciso me lembrar que é preciso parar o tempo
e então deixar a pressa do lado de fora.
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