quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Avalanche de mentiras

 




"O público não quer a verdade, mas a mentira que mais lhe agrade", Fernando Pessoa        


A mentira é uma arma poderosa. Vimos o atual futuro ex-presidente, imitar diversas vezes, sadicamente, uma pessoa com falta de ar durante a pandemia. Por irresponsabilidade do dele, me recuso a dizer o nome, vários  morreram sem acesso a oxigênio e o responsável por isso debochou da dor e ridicularizou o sofrimento. Foi talvez a mais cruel manifestação desse cidadão que, certamente, é uma pessoa que não possui qualquer traços de solidariedade, de empatia e de humanidade. Só um monstro, age com tal desfaçatez.

Perguntado no 'Jornal Nacional' o porquê de ter feito tal gesto, ele negou. Mentiu descaradamente! E acusou o apresentador de estar criando fake news. A realidade não tem nenhuma importância para o mentiroso, ele é capaz de criar um mundo paralelo e viver de acordo com suas fantasias. Pior? Tem uma boa parcela da população que aplaude a mentira e considera negar o óbvio é uma estratégia inteligente e deve ser respeitada. Esses são cúmplices de uma farsa que nos destrói e que fez o fascismo ser instalado na sociedade. Um inacreditável número de crápulas encontrou eco para viver de acordo com as mentiras, as fake news e o deboche.

Isso é que enfrentaremos nestas eleições: como debater com quem não tem escrúpulos? Qualquer pessoa, com um pingo de dignidade, teria vergonha se fosse pego numa mentira, ainda mais se o fato fosse desabonador. Mas como agir com alguém completamente desprovido de qualquer preocupação com a verdade? Com alguém que faça do falso a  razão de existir? Eu não estou dizendo da falta de formação intelectual, da falta de inteligência e da completa obtusidade que limitam qualquer diálogo. Como é debater com quem não conhece nenhum limite ético e não possui nenhum parâmetro de lealdade com os fatos e a realidade.

Eles nem se sentem ridículos, pois, para chegarem a tanto, teriam que ter, a noção do ridículo. Ao contrário, se orgulham da ignorância e de serem espertos nos seus não limites. É o desafio que tem que ser enfrentado. Nas últimas eleições, criaram uma fake news que parecia ridícula de tão absurda: o  kit gay. À época, em 2018, pesquisas indicavam que 84% dos eleitores do Bolsonaro acreditavam que ele existia. Ridículo. Absurdo. E espalharam a mentira largamente, sem pudor e sem vergonha. Agora, quatro anos depois da farsa ridícula ser desmontada, as pesquisas indicam que parte dos bolsonaristas ainda acredita que o kit gay é verdadeiro!

Como enfrentar esses seres repugnantes? A não verdade é uma opção desse grupo que se reproduz como erva daninha. A mentira alimenta o fascismo que, se fortalece com a ignorância e dos que não têm qualquer compromisso com os valores humanistas. A sarjeta é o local natural desses tipos estranhos e que parecem crescer com a dor alheia. O ódio é o  que fortalece esse bando que vive em função de um projeto de poder pessoal.

Não importam as 33 milhões de pessoas passando fome, os milhões de desempregados, ou os 500 mil morando nas ruas. São apenas números que não sensibilizam. Se a morte de um semelhante, asfixiado pela falta de ar, conseguiu comover o Presidente da República - que, ao contrário, fez troça com o sofrimento alheio -, o que esperar dos fascistas na campanha para se manterem no poder?


Viveremos um período eleitoral perigoso, violento e sem limites éticos ou morais. A primeira vítima é sempre a verdade e nós devemos nos preparar para um duro combate. Não suportaremos mais 4 anos de mediocridade, de falsidades e de engodos. A mentira não pode continuar a governar nosso destino.


Vamos aprender com a poesia:

“Criar sim, mentir não. Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade.”

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