CONVERSAS INVERSAS, HISTÓRIAS DIVERSAS
Há uma onça que me olha: Um dia, dela terei a minha morte; Sua cobiça incendiou o bosque, e ela ronda divinamente como o sol.
Suave, passo que desliza mais suave, avançando, sempre, nas costas da esquelética floresta de arbusto: A caça começou, acionou a armadilha.
Rasgado por espinhos atravesso pedras, Cansado pelo fogo branco do meio-dia.
Pela rede vermelha de suas veias onde corre fogo, que desejos desperta?
Insaciável saqueio a terra.
Condenado pela culpa ancestral, chorando sangue, deixando o sangue ser derramado; a carne a inundar a ferida crua de sua boca.
Alegrar os dentes afiados e doces.
A fúria chamuscante da sua pele; Seus beijos ressecam, cada pata uma roseira brava, A morte consome o apetite, na vigília desse bicho feroz, Inflamadas como tochas para sua alegria, Onças e mulheres morrem carbonizadas e em delírio tornam-se iscas para os famintos.
A ameaça está na porta, gerando sombra; A meia-noite encobre e é sufocante.
O saqueador, puxado pelo amor; Em ancas fluentes mantendo minha velocidade espreita o ágil, numa emboscada dos sonhos.
Brilham as patas que destroem a carne; e ela faminta, faminta, patas estendidas seu ardor me prende, ilumina as árvores.
A lua ilumina minha pele, depois o olhar amarelo do sol me queima e incinera?
Eu arremesso meu coração para deter seu passo, para extinguir sua sede eu desperdiço sangue; Ela come, mas sua necessidade busca comida; Com pele, um sacrifício total.
Voz em tocaia soletra em transe, a floresta destruída vira cinzas; Horrorizado por um secreto desejo, corro tal a agressão do resplendor entrando na torre dos meus medos.
Fecho minhas portas naquela culpa escura.
Tranco a porta, com muitas trancas.
Sangue acelera, como um gongo toca em meus ouvidos:
Os passos da Onça estão na varanda, e agora, arranhando a porta.
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