quinta-feira, 1 de junho de 2023

RACISMO

 


João Pedro Matos, de 14 anos, brincava em São Gonçalo, quando foi assassinado, em 18 de maio de 2020, em uma operação policial. No dia 21 de maio de 2023, três dias e três anos depois, Vinícius Júnior, de 22 anos, jogando futebol na Espanha (Real Madrid), foi chamado de mono (macaco, em espanhol) várias vezes pela torcida. Em 24 de maio de 2023, ocorreu a terceira audiência sobre o crime contra o menino João.

Os dois crimes de racismo precisam ser denunciados e punidos. Há grande diferença como os casos são tratados. A audiência do caso de João foi quase não foi divulgado. O caso do Vini Jr.,extremamente divulgado. Vini e João nasceram em São Gonçalo, cidade fluminense que tem o nome do santo português. Como todo brasileiro, cresceram cercados pelo cristianismo compulsório que nomeia as cidades do país ainda marcada pelas capitanias hereditárias.                              

O racismo contra Vini faz parte do histórico de racismo no futebol. Como jogador, já era vítima de preconceito no Brasil, quando jogava pelo Flamengo, e ao ir para a Europa, passou a fazer parte do grupo de brasileiros vítimas do racismo.

João Pedro também não é vítima isolada. Segundo a Unicef e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2016 e 2020, 35 mil crianças, adolescentes e jovens de até 19 anos foram mortos de forma violenta. Média de 7 mil por ano.            

O levantamento informa que as mortes têm alvo específico: mais de 90%  são meninos, e 80% são negros. 

João Pedro e Vini Jr. são vítimas de um projeto de poder que define quem deve viver e quem deve morrer. Define quem tem direito de ocupar lugares sociais como o topo do futebol. Esse projeto definiu que João deveria ser uma das 7 mil crianças e adolescentes negros mortos em um ano é diz que o lugar de Vini Jr. não é de realização, sucesso e alegria. 

Em solidariedade ao jogador, em 22 de maio a iluminação do Cristo Redentor foi apagada entre 18h e 19h. Necessário, emocionante e com repercussão internacional, num país cujo cristianismo é compulsório.

Se o gesto fosse praticado pela morte das 7 mil crianças e adolescentes negros assassinados em um ano, entre elas o menino João, o Cristo Redentor ficaria apagado por 700 noites, (1 ano,11 meses e 5 dias)     

Que as lágrimas de Vini Jr. exponham o racismo dentro e fora do futebol, e exponham também que ele poderia ser João Pedro, e nenhum monumento se apagaria por um segundo sequer!

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