quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

A C A B O U

 


O choro do presidente ausente na segunda-feira, na cerimônia de fim de ano das Forças Armadas, significa o fim de uma tentativa golpista que deu errado, como deu errado para o presidente peruano, depois de tentar fechar o Congresso e decretar “estado de emergência”. A suspeita de que o mesmo aconteça no Brasil é uma assombração para ele, que continua deprimido depois da derrota e da frustração de seus instintos autoritários. 


Não foi só ele o derrotado. Os militares que o apoiaram também foram. Os golpistas tinham tudo para ter sucesso: incentivo do presidente; comandantes militares que o apoiavam a ponto de imaginar deixar os cargos antes da posse de Lula, claro gesto de rejeição ao presidente eleito; manifestantes nas portas dos quartéis pedindo intervenção militar; parcelas do empresariado, alguns financiando bloqueios nas estradas e manifestações antidemocráticas; eleição parlamentar vitoriosa, maioria na Câmara e no Senado; governadores eleitos nos principais estados.


A vitória dele em 2018 foi resultado de uma conspiração para levar de volta ao poder político os militares. Quando atribuiu ao general Villas Bôas, na [epoca comandante do Exército, a responsabilidade por ter sido eleito presidente da República, Bolsonaro se referia ao tuíte que o militar divulgara na véspera de um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que poderia libertar o ex-presidente Lula e permitir sua candidatura à Presidência. A vitória de Bolsonaro era considerada  fundamental para que os militares  retornassem “pela porta da frente” da política. 


Ao se transformarem em defensores de Bolsonaro, os militares que se envolveram na aventura antidemocrática rebaixaram-se a seu nível, fazendo com que a corporação, bem-vista pela população, perdesse apoio de boa parte dela. Pesquisas  mostraram que metade da população considera que a participação de militares no governo foi prejudicial.

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