segunda-feira, 24 de agosto de 2020

APESAR DE TERMOS FEITO TUDO O QUE FIZEMOS!

 




O nosso lado é melhor, mais leve e mais feliz. Somos inteligentes e cientes da dinâmica social, mas também nos divertirmos. A gente bebe, fuma, (ou não), escuta música e transa por prazer. Nosso lado tem a cor da paixão, é vermelho, é  vermelhante, é nosso e vamos vermelhar, vamos defendê-lo.

É possível que um dia a gente descubra que nossa maior frustação ao entrarmos na vida adulta talvez tenha sido não derrotar o a ditadura. Nossos sonhos nunca se realizaram e tivemos de nos contentar com uma democracia de paisagem onde as urnas eram verdadeiras miragens de uma ideal não alcançado. Bebemos a água que fingia ser fresca mas que escondia em sua nascente venenos de uma sociedade que se mantinha conservadora. Bebemos em outras fontes e só assim conseguimos impor alguma forma de mudança no contexto, mas muita gente ainda permanece bebendo daquela água. Passou-se a engarrafar e a distribuir o veneno para abençoar o passado de suas vidas, e batizar o presente e futuro daqueles escolhidos pra continuidade aos tempos de escuridão, que pensávamos enterrados.

Estamos envolvidos num dilema aterrorizante que parece de difícil solução. Fazer secar essa fonte de cinismo e covardia exige da gente mais que sabedoria. Exige aquela disposição que tivemos no passado quando as fontes do conhecimento nos levaram aos sonhos e utopias. Exige entender que a mesma água que dá a vida fisiológica é aquela que pode nos retirar a vida consciente, a liberdade e emancipação. 

Jorrando em caminhos cibernéticos tortuosos e controlados, tal líquido venenoso tornou boa parte das pessoas dependentes e sem perspectiva. 

Daí muitos acham que encontraram no oásis dos infames sua salvação. Ali descerebrados curtem e compartilham a intolerância regada com a água do desconhecimento e assim se acham superiores e felizes. 

É nós cantamos as músicas que fazem chover, na esperança de um dilúvio que venha hipnotizar toda essa gente que só faz se submeter. 

Não me parece que este antídoto vá funcionar, então precisaremos ensaiar as canções de guerra e voltar a sonhar com nossas utopias e os velhos caminhos de liberdade, sem os quais corremos o risco de nós afogarmos nas lágrimas que se derramam em vários territórios pensantes.

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