domingo, 27 de dezembro de 2020

S E M P R E S S A

 


Gosto de tocar com delicadeza e de compreender o tempo necessário para nos encontrarmos com o prazer. A quentura  das descobertas que se repetem e são únicas.


Gosto do que vem antes. Do brincar. Do espalhar surpresas. Do olhar de quem quer ser um. Sem pressa. Os nossos corpos se juntam em poesia. E as partes vão dizendo o que querem. Querem a presença que alimenta e que atiça,... e que descansa.


Foi um ano difícil. A interminável pausa. Os desatinos de quem deveria diminuir os medos. Enquanto as mortes se aumentavam, avolumavam juntos a insanidade, a mentira, o desrespeito. As violências prosseguem roubando os encontros. Descartando. Desperdiçando vidas.


Os risos ensaiados nos afastam de quem somos. Meu pai era uma professador da crença das cirandas de gente, da importância coletiva do fazer feliz. "Ninguém muda ninguém, meu filho. O tempo nos ajuda a encontrar beleza no outro", dizia ele com a sabedoria dos plantadores de flores humanas.


Com delicadeza, desligo as notícias e ligo música. O despedir do dia, mesmo de um domingo nublado como o de hoje, deve ser leve para que os sonhos nos ofereçam paisagens melhores. Eu sonho esculpindo a vida com a segurança dos que compreendem que nascemos para a felicidade.


Não vou dizer, agora, os meus medos, embora eles permaneçam comigo. Há um ano espreguiçando para nascer

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