segunda-feira, 31 de maio de 2021

A ESTUPIDEZ QUE CEGA

 


              ( Desculpe substituir seu nome por "eu", é por desconhecimento).


Não! 

Eu não merecia isso. 

Ninguém merece.

Hoje eu acordei com os olhos postos no presente, sofrendo as amarguras de um governo que não se importa com as milhares de mortes por Covid-19 que estão, diariamente, acontecendo aqui.

Eu acordei, a paisagem era linda.

Um tapete humano de protestos levantou-se na defesa da vida e do respeito ao nosso sofrimento.

A esperança está de volta, e eu estou vivendo a história do nosso tempo.

Precisei sair para comprar alguma coisa para a refeição e, de repente, me vi bem próximo daquela multidão pedindo vacina, emprego e impeachment. 

Estava tudo lindo, e, por isso, resolvi filmar, com a câmara do meu celular aquele evento histórico, registrar a defesa da democracia e o grito pela vida. 

Foi quando, do nada, vários policiais chegaram e começaram a dar tiros de balas de borracha na direção da manifestação popular pacífica e legítima. 

Foi quando, então, uma dessas balas me atingiu  um dos olhos, e eu vi tudo escurecer. O sangue escorreu dos meus olhos, a dor me fez chorar. Sim! A força policial covarde, ilegítima e ilegal cegou um dos meus olhos.

A violência opressiva e brutal desse governo cegou um inocente - porque éramos todos civis inocentes ali.

Estamos vivendo a Era da  Estupidez Humana, assistindo a ignorância em movimento e a exaltação à maldade.

Perdi um dos meus olhos,

Mas não perdi a dignidade.

Detestaria estar do lado daqueles que me cegaram.

Cegaram um olho meu,

Mas não cegaram minha consciência e nem mancharam de ódio o meu coração. 

A vida, pra mim, nunca mais será a mesma, eu sei. 

Carregarei para sempre essa cicatriz aqui no meu rosto.

Mas todas as vezes que eu me olhar no espelho poderei dizer: estou do lado certo dessa luta. Os criminosos são eles, que me feriram com crueldade, sabendo o que estavam fazendo e não se importando com quem, contra quem ou em razão de quem. São uma gente bárbara, que até Deus terá dúvida de perdoar. 

Hoje eu voltei pra casa diferente. Não sou mais a mesma pessoa de antes. 

Apesar da sequela definitiva, enxergo agora o que, talvez, antes não fosse nítido para mim.

Seguirei em frente, com mais dificuldades, eu sei. Mas seguirei. E rezarei por aqueles que me impuseram tamanha injusta maldade, porque eles vão precisar muito disso. 

A refeição que eu queria hoje não foi possível. 

Mas amanhã um novo país vai me trazer alegria novamente, e este olho que ficou em mim ainda vai ver outra paisagem, onde a paz, a tolerância e a justiça tenham como fundamento o amor que há em mim e que também pode e haverá em você...

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